O maior texto sobre eu mesma!
Em umas das conversas adultas que tive com minha amiga
Lígia, ela me indicou um livro chamado: Talvez a jornada agora seja sobre você,
cada página desse livro parecia que Iandê, o autor, estava traduzindo minha
trajetória de vida.
Sempre me orgulhei de ser uma pessoa empática e observadora,
de me adiantar e saber o que meus amigos estavam sentindo só de olhar, o que
minhas irmãs iriam precisar só de avaliar a situação, de estar sempre pronta
pra resolver e controlar qualquer problema que meus pais pudessem ter, sempre
fui o pau pra toda obra e toda hora tem obra.
Cinco anos atrás saí da casa da minha mãe e aí não tinha mais
tanta obra pra resolver, tive que lidar com meus processos internos que se
jogaram na minha cara, como se tivessem me lembrando de minha própria
existência, de que eu não era uma mera observadora e solucionadora de problemas
alheios, e sim uma pessoa que também sentia e precisava sentir, precisava
entender seus processos.
No meio desse novo ciclo de que preciso me conhecer, me
observar, entender meus limites, sofri um assédio sexual dentro da empresa que
trabalhava e me vi mais perdida que Alice quando caiu na toca do coelho.
Simplesmente não consegui reagir e toda minha força pra
lutar por quem eu amava, toda minha proatividade, toda minha pose de mulher
braba, arretada e faladeira, caiu por terra, escorreu como água, me senti
pequena e obrigada a sentir, eu não podia ignorar e isso virou um tratamento
para ansiedade e depressão.
De lá pra cá tem sido longos ciclos de tentar focar em mim e
sempre me perdendo nas histórias alheias, como se entrar no problema dos
outros, ser a salvadora do dia fosse a forma de sabotar, procrastinar e fingir
que eu não tenho processos e problemas meus pra resolver.
Até o início de 2023 eu usei o trabalho como rota de fuga,
trabalhava de domingo a domingo, sem parar pra pensar, me envolvia com pessoas
ruins e tóxicas pra não ter que ver o lado bom das coisas, até o ciclo com o
trabalho acabou e fui obrigada a ficar sozinha comigo novamente, foram longos
meses de uma crise depressiva que se não fosse a terapia e minha gata, talvez
eu não estivesse aqui escrevendo esse texto.
Esse ano depois de ter passado por vários ciclos tóxicos ano
passado, ou seja como cantou Belchior: Ano passado eu morri, mas esse ano eu
não morro; enfim consegui encontrar meu foco em mim, um dia passei de todas as
medidas cautelares e fui acolhida de uma forma sincera e cuidadosa, eu que tô
sempre cuidando de tudo.
Eu comecei a focar em mim, como todo mundo que está em processo de superação: fui
pra academia, mudei a alimentação, parei de beber e li o livro. Mas nem tudo é
uma receita de bolo, e eu sou a doida do controle, sempre tive essa ideia que
tudo pode ser resolvido nem que eu precise chorar pra isso, mas nem todo mundo
gosta de melodramas e é chato alguém caótico e contraditório.
No meio do processo,
pela primeira vez na vida, gostei de alguém que não era intenso, caótico e não
alimentava meus dramas, que não estava me querendo como eu queria, mas não
usava isso pra alimentar o próprio ego. Mas eu ainda não sei lidar com gente que
não precisa de mim, mas gosta de mim mesmo assim, mesmo que não da mesma forma
que eu.
E foi nessa bagunça de recaída na “zona desconfortável” do
caos que me encontrei vivendo um drama sozinha, onde a outra parte tá tranquila,
me ouve tranquila, e não se importa muito se eu vou sumir ou aparecer qualquer
dia, porque não existe essa ansiedade de atenção minha, como eu tenho com o
mundo que eu observo.
E foi só ontem eu percebi que eu tô observando o mundo a
tanto tempo que a ansiedade de não viver a minha jornada tem me consumido por
dentro, é sobre mim, não é sobre quem escolheu me machucar, não é sobre os
caras que não valem meu tempo, não é sobre o que as pessoas pensam sobre mim e
não me falam, não é sobre o cara que eu gosto e tá lá vivendo a jornada dele
sem se incomodar.
É sobre mim, é sobre minha jornada, é sobre ser protagonista e não contra regra na coxia.
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