Tchuca

 


Essa é uma carta aberta pra minha sorte na vida

Desde criança eu fui a mediadora dos conflitos, a líder da turma, a pessoa que a empatia gerava amizades possessivas e ciumentas, eu me dividia entre os grupinhos que não se gostavam, transitava por todos os lados e sempre tinha uma ou outra amizade que me sufocava e acabava me afastando, Mainha dizia que eu não tinha muita sorte nesse quesito, por ser boazinha demais.

Em 2010, estava eu, recém saída de um relacionamento abusivo que me isolou de todos os amigos que eu tinha e quando acabou eu estava sem amigos, sem personalidade, vazia.

Foi aí que a sorte me sorriu, em um emprego novo, que estava há poucos meses, aconteceu uma leva de entrevistas pra um novo setor, veio a calhar que esse setor era tão novo quanto eu na outra sede da empresa, encontrei lá uma turma de jovens que um dia me chamaram pra beber na praia, passei do ponto e uma das jovens cuidou de mim e me levou pra casa dela, era a sorte da amizade me sorrindo e eu nem sabia.

Dali em diante o quarto dela virou um ponto de apoio, encontros, conversas aleatórias, comidas diversas, do nada anoitecia e eu ficava por lá. 
E foi la que eu ganhei um apelido novo, a sorte me chamou de Tchuca, e Tchuca viramos as duas.

A Tchu, passou por perdas, transformações, relacionamentos, passávamos hiatos de tempos sem nos ver, mas ao voltar era sempre como se tivesse sido ontem.

Um dia ela me ligou e numa rara atitude pediu ajuda, a mãe dela tava doente e ela perdida, entendam a Tchuca não pede ajuda, ela odeia incomodar e eu tive a primeira amizade que nunca me exigiu nada, me pedindo colo. 

A gente já chorou juntas, ja riu juntas, ela rindo demasiadamente de todas as besteiras que eu falo, e conhecemos uma par de pessoas juntas, nossas vidas se misturaram de tal forma que uma hora os caminhos se perderam, foi a perda da minha sorte, foi um vazio que eu não sabia como preencher, eu me agarrei aos amigos próximos, ao álcool e a uma situação que quase me leva a desistir de tudo, mas o tempo, a terapia e o amor que eu sentia pela Tchu fizeram que a gente se perdoasse e assim se reencontrasse. 

E foi assim que eu entendi que a sorte da amizade ainda vingava na minha vida, claramente eu tenho outros amigos maravilhosos, mas foi ela a precursora de me mostrar como é bom ter uma amiga que te acolhe, te aceita, e não te aprisiona.

Eu queria poder encapsular todas as qualidades dela e colocar num projetor pra ela assistir e se ver como ela realmente é: a minha Tchuca, a minha sorte, a minha irmã de outras vidas!



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