Até quando?

Nós , mulheres, somos a maioria no planeta, mas mesmo assim vivemos com medo, vivemos tentando desconstruir regras arcaicas e patriarcais, vivemos tentando mostrar que não somos apenas peitos, cabelo e bunda e ainda sim me assusta como essa caminhada é lenta para o dia que os homens irão respeitar nosso espaço, principalmente nossos corpos.

O machismo que ainda impera em nossa sociedade oprime, sufoca e tira a linha tênue e fina que separa a liberdade da libertinagem, que separa o simples ato de ser simpática com um convite para o ser macho passar a mão em mim sem ser convidado.

Eu posso reclamar, eu posso ignorar, eu podia até denunciar as “brincadeiras” babacas que o machinho tira pra cima de mim com seu ar de “ sou gostoso e pra caralho”, porém esse cara é aquele típico protegido por outros machistas ( leia –se homens e mulheres) que no momento que eu denuncio ou reclamo tem o argumento: Quem mandou dá liberdade? Agora aguenta!

O fato é que isso não é liberdade, isso é falta de respeito, falta de saber o limite do outro. Eu posso estar no meu ambiente de trabalho ou em uma balada, só passa a mão em mim quem eu deixo, quem eu quero; quem eu convido e eu nunca te convidei então não ameaça me agarrar, não pega em mim, não me força a aceitar tuas investidas baratas só porque tu se acha o macho alfa.

Aguentar calada, fingir que não é comigo pra não criar caso, pra não perder o emprego, pra não ser taxada disso ou daquilo, fingir que um decote, uma calça justa não causam constrangimento a mim por que eu sei que os olhos dos homens comem, devoram e isso é o dia –a dia.

Quantas vezes já nos sentimos inseguras, quantas vezes evitamos um caminho, um sair sozinha, quantas vezes temos medo de ser legal e no fim ser tudo confundido com um convite pro sexo?

Eu quero, todas querem ter liberdade de sermos donas de nossos corpos, nossas vidas e decisões sem precisar ter medo de sermos agarradas contra vontade, de ouvir piadas infames, “elogios” escrotos.  Andar na rua sem medo, vestir o que quiser sem ser julgada, ser livre como eles sempre foram, ser respeitada como eles são. O feminismo não luta por uma soberania feminina, ele luta pelo básico direito de ir e vir em liberdade e segurança.

Até quando vamos ser assediadas e ter que aguentar caladas? Até quando vão existir mulheres que defendem esses caras? Até quando vamos precisar ser subjugadas, subestimadas e colocadas sempre numa posição inferior a um gênero que não é superior a nós em absolutamente nada?


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