O tempo de falar e silenciar
Eu sempre falei muito,
comecei a falar desde o sete meses de vida, mil palavras por minuto, nunca me
faltou assunto. Falo sobre tudo, falo sobre nada.
Falava impulsivamente da mesma forma que sentia, da mesma
forma que pensava. Impulsiva, minha fala, contava, julgava, rotulava, sem
paciência, sem tempo a perder, sem nada a perder. Sem parar! Sem respirar, sem
analisar, sem pensar melhor senão era melhor calar.
Eu tive atropeladas conversas, umas confusões sem sentido,
umas falhas de comunicação horríveis, pois mesmo quem muito fala nem sempre
muito diz.
Falou muito e não disse nada!
Uma realidade que nos
persegue, todo mundo fala muito, ou melhor, digita e posta muito, porém poucos
são aqueles que dizem algo que se valha a pena de ler e ouvir.
A comunicação hoje tão ligeira e fluida, tão rasa, tão sem
dizer nada, muitas palavras ditas, poucas historias e verdades contadas. Muitos cães que ladram, porém não mordem.
Anunciantes de grandes tomadas decisivas, de regras nunca cumpridas, uma
hipocrisia que rola solta e vive livre como se não fosse vergonhoso viver
naquele velho ditado: faça o que eu digo, não faça o que eu faço.
O tempo de silêncio é uma coisa linda, mas que não chega pra
todo mundo, nós temos que ser realistas.
Com o amadurecimento passei a gostar mais
do silêncio e não ficar jogando fora bons argumentos, do que me adiantava ladrar e argumentar com gente que não muda, gente que não escuta, gente que vive cheio
de hipocrisias e mentiras. Murro em ponta de faca, é assim que aprendi com Mainha,
falar com pessoas que fazem questão de serem os falantes vazios, cheios de
palavras e pouco conteúdo, tu sangra a mão, seca a língua e a pessoa só saber
repetir o mesmo texto.
São os papagaios da nova geração! E eu achando que tínhamos descendido
dos macacos!
Hoje não gasto meu tempo, meu vocabulário, minha internet,
minha pouca paciência com esses faladores, hoje eu vejo, que o melhor calar, salva minha sanidade mental, minhas amizades que prezo, minha convivência
familiar, minha paz espiritual. Não é à toa que os grandes homens e mulheres
desse mundo, as pessoas sábias: falavam pouco e diziam muito.
Eu continuo falando mil palavras por minuto, ainda não me
falta assunto, mas tem coisas que eu escuto, vejo e de mim não passa. Tem
pessoas que falam, gritam e esperneiam e a mim não atingem, evito a fadiga de
explicar o óbvio, evito a discussão com mentes fechadas e hipócritas, evito a
“zuada” que pode causar qualquer opinião minha em algo que não me cabe ou que
não vai dar em nada.
Aprender com o próprios erros, amadurecer, entender que pode
ser uma pessoa melhor, falar quando for seu lugar de fala e se não for, falar
apenas o necessário. Ter argumentos válidos, seguir aquilo que diz com o máximo
possível de coerência.
É tudo isso são coisas lindas, mas não chega pra todo
mundo, nós temos que ser realistas.
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