Não tá nada bem
A gente diz que vai passar, que vai ficar tudo bem, que está
tudo bem. Estamos emanando good vibes, vibrando energias positivas pra
passar por toda essa turbulência em que se transformou esse ano em nossas vidas.
A
gente vê series da modinha, assiste lives, bebe vinho, cerveja e
cachaça, posta memes no Twitter, usa filtros de maquiagem no Instagram, a gente
veste capas, usa escapes e diz que tá bem, tá tudo bem, tá melhorando, vai passar
já, já.
Mas tem dias que nada disso funciona e aí que a gente vê:
não tá bem, não tá nada bem. Tá tudo pelo avesso, tá tudo tão incerto, tão
estático e ao mesmo tempo em um movimento frenético. A sensação de que o
apocalipse está chegando, toma conta do peito e falta o ar.
Estamos no limite da razão e da emoção, tudo junto, batido e
misturado. Estamos sensíveis, ariscos, confusos e muitas vezes sem tempo irmão.
Nos dias de limite, estamos com respostas atravessadas pra situações simples,
nervosos e qualquer coisa nos faz chorar.
Sempre fui chorona, sempre ( sol em peixes, lua em câncer),
mas nesse ano já chorei mais que em toda a minha vida, estamos chorosos também! Estamos
cansados do novo normal, cansados da incerteza que segue a vida, cansados de
sufocar o ar dentro de uma máscara, de lavar os alimentos minuciosamente vindos
do mercado, estamos neuróticos e estressados com aqueles que não estão com medo
e neuróticos também.
Porque eles vivem por aí, despreocupados, calmos e tranquilos
como se o mundo não estivesse todo de ponta a cabeça, como se uma doença não
estivesse por aí, descontrolada, mexendo com a nossa vida toda? Porque
eu tô aqui presa e neurótica e eles não?
Já tive uma fase mais neurótica, já tive isolada com
suspeita, já tive mais ansiosa, já relaxei e entreguei a sorte pra Deus, agora
ando fingindo que tô bem. Mas não tô! Não estamos!
Sim e eu falo por mim e você que está lendo, tudo bem se você está
bem também, mas a maioria não tá viu.
E por estarmos nos mesmo barco de uma falta
total de sanidade mental, que precisamos parar, respirar, parar de consumir a
vida do vizinho, parar de tentar ser extremamente produtivo no meio caos (pega
esse teu ócio criativo e enfia onde quiser), não precisamos nos forçar a ser
gênios no meio desse apocalipse e fazer yoga, cursos, fazer treinos exaustivos em
casa, e ser os power rangers da pandemia.
Estamos nervosos, inseguros e confusos. Precisamos de calma,
talvez um pouco de yoga e de exercícios, mas cada um faz o que quer no seu tempo.
Tem dias que não tem como ser o rei da produtividade, só respeita teu tempo, lava
as mãos, usa a máscara e tenta não surtar com as pessoas que tão saindo por aí,
cada um cuida de si, apesar do problema ser coletivo não dá pra ficar louco
esperando que o coleguinha do lado tenha a mesma noção que você.
E lembre-se toda regra tem uma exceção, a regra básica da
sobrevivência hoje é manter sua saúde mental e física, o resto que lute. Afinal,
tudo isso vai passar!
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