Mas se me perguntam se eu tô bem...

 

Eu vou responder que tô bem para todas as vezes que me perguntarem, porque tem momentos que eu realmente tô e logo em seguida eu não tô, não consigo lidar com a montanha de russas de emoções que nesse momento se passa no meu juízo, de repente eu choro lavando o cabelo e passa.

Parece que depois disso tudo vai ficar bem, eu como uma pizza boa, uma trufa mágica e no outro dia é outro dia, eu já me sinto bem, mas ficar dizendo como eu estou é muito complicado, uma hora eu digo com certeza que acabou, que passou, e mudo a direção e volto pra aquilo que disse que tinha acabado, eu não tenho como explicar pras pessoas que me amam, que se preocupam o quanto eu posso mudar de estar bem pra não estar, pra dizer que não quero mais e dali a duas passadas eu volto pro mesmo ciclo que me machucou no dia anterior, se eu não entendo o que tá acontecendo como eu posso pedir a compreensão de quem tá vendo minha loucura de fora?

Eu sempre fui mutante, eu levo um tempo pra me entender, eu não tenho vergonha de mudar de opinião, de me jogar de cabeça, de estar e não estar bem.

Esse ano tem sido cheio de surpresas boas, ruins, amargas, doces, intensas e ultimamente viciantes, eu tenho uma tendência a gostar de viver tudo, sentir tudo, não me poupar de nada, preciso colher todas as emoções pra me fortalecer, por isso hoje sou bem mais racional, bem menos emocionada ao ponto de não me expor pra qualquer um, poucos amigos sabem do que se passa em mim, esses poucos não me julgam, mas sabem que eu sou capaz de ficar bem, porque bem, mesmo, ninguém tá, a gente tenta todo dia ficar.

Eu guardo hoje sentimentos em uma caixa forte com um segredo difícil pra que eu não abra, mesmo que esteja meio bêbada, mesmo que eu sinta, mesmo que sinta até acabar, tudo que se passa na minha cabeça e na minha vida, eu não mostro, eu tento não mostrar, eu já fui tão transparente que isso me tornou o alvo mais fácil: ela supera, ela sempre supera 

Minha mania de ser a mãe de todos, daquelas que briga, mas passa a mão na cabeça, me levou a ser tão exposta que causaram feridas que ainda hoje estão pra cicatrizar, lembrando que virar a chave não é cicatrizar a ferida, é a apenas o primeiro passo da cura.

Tô bem? Não tô, mas vou ficar, preciso respirar, parar de pensar tanto e deixar que a vida aconteça, parar de me deixar levar pelo vício de sentir tudo até o extremo, de encerrar ciclos antes que eles me engulam e eu me afogue em lagos rasos.

Que possamos ficar mais bem do que não, ressignificar as dores, reconstruir é uma coisa que eu faço a vida toda, se as ultimas rasteiras da vida não me botaram em nocaute, eu posso me reencontrar e ficar bem.




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