Cansei de ser adulta
Eu fui uma criança adulta!!
Filha única por 10 anos, eu
tinha atenção exclusiva dos meus pais, tios, avós e primos em geral, mas Mainha
me criou muito independente quando percebeu que eu era esperta demais pra minha
idade, falante demais, (comecei a falar aos 7 meses de vida), observadora demais
e metida demais no meio dos adultos e primos mais velhos.
Eu sempre tive a esperteza e a inteligência dos meus pais,
então desde que aprendi a ler tinha adoração por livros e gibis, quando meu pai
trazia algo novo, tecnológico pra casa, eu não tinha dificuldades de aprender e
mexer, quando ganhei meu primeiro videogame eu já sabia até instalar.
Eu sempre fui esperta, mini adulta e queria ser o máximo de
independente possível, eu era líder da turma da brincadeira, da galera que
passava férias comigo, da organização, era o colo pra onde os primos corriam
quando choravam ou queriam reclamar, mesmo sendo mais nova um pouco ou só um pouco
mais velha.
Eu cresci com a ideia de que era adulta demais
pra ser criança, depois adulta demais pra ser adolescente. Aos 18 anos uma
amiga disse que a gente estava saindo da adolescência, sendo que eu nunca me
senti nela, além dos anos turbulentos do divórcio dos meus pais, eu já me sentia
adulta o suficiente pra dramas de adoles, mas eu tinha dramas e muitos,
apenas achava que já era adulta, que nasci avançada demais para os meros
mortais.
Isso não vinha da minha cabecinha, somente, as pessoas
diziam que eu era esperta demais, que eu era sabida demais, enalteciam minha
adultice, meu jeitinho de ser uma pequena jovem senhora.
Sempre mais informada que todo mundo, sempre escutando conversa
de adultos, sempre pra frente, como se diz aqui na minha terra.
Hoje que sou adulta, queria ser criança, adole, dependente e com a sensação de que meu mundo é uma bolha que me protege, infelizmente já
sou adulta há mais tempo que meu corpo físico e as vezes que me permitir viver
a adolescência tardia foram momentos caóticos.
O tempo está perdido, as etapas não voltam, a vida segue sem parar pra que eu possa lamentar o que acho que perdi, mas não posso ser injusta: fui uma criança que brincou muito, foi feliz mesmo achando que era adulta demais praquilo.
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